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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Cacos de taça

I - O Cenário

Noite...
Tão lasciva quanto o dia;
Tão infame quanto a sorte.
E nas nódoas da melodia
Vaga o desalento torpe.
Verdade...
Tão leviana quanto a lua;
Tão mister quanto a sanidade.
É rude esa rima crua...
Alucina essa turva labilidade.

II - O ato

Embeba-me do fluído
Que alegra as psiques,
Independente do ruído
Dos ingratos "por ques".
Nessa taça quebrada
Existe o perigo langue
De cortar a boca calada
E misturar o vinho ao sangue.
Oh! Céus! De quem seria
Esse ato de se embebedar
Com vinho sangrento e poesia
Apenas pra sentir um amar?
Talvez seja cultura
Que meu etnocentrismo não deixa respeitar.
Talvez seja loucura
Que me remete a uma rima que alguém vai criticar.

III - Pedidos e explicações

Não me pergunte o motivo
Pra com tanto vinho eu me inebriar.
Sinta-me inerte, jamais vivo.
Talvez assim possas se acostumar.
É pensamento que se derrama
Nesse romantismo mal amado.
Não chamo mais de leito a minha cama
Já que nela não me sinto mais deitado.

São fantasmas noctívagos
Jogando-me no chão feito um beberrão.
São ideais que mentem- tão vagos-
Que um caco de vidro enterra no coração.

Ervália, 30/04/2013

Cristiano Durães

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