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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Talvez seja por ti...

Por ti...
As trevas da noite
Eu trespassei feliz!
No frio de açoite 
Neguei-me à meretriz!

Por ti...
Rocei os lábios nas rosas mais belas.
Arranquei as pétalas da margarida pálida...
Sagrei as canções mais singelas
E a estrofe mais amada.

Por ti...
Os medos enfrentei sorrindo;
Os uivos calei tranquilo.
Saltei no ventos do penedo
Sem sagrá-lo ou temê-lo.

Por ti...
Os trovões calei pensando
Na incerteza da chuva que parava.
Apaguei tal sol tão tórrido
Sem perder a luz que ele exalava.

Por ti...
A vida me sorriu contente.
A lua iluminou-me latente,
Tal qual brilho em teu olhar presente
Junto à virtude do teu abraço quente.

Por ti...
Menti para o coração pulsante.
A mente calou-se e perdeu a razão.
E o coração que amava demente
Hoje se enche de encanto e fascinação.

Amanhecendo a poesia vai se esvaindo
O sono misura-me com o fato
De para a verdade estar mentindo.
E a razão com a incerteza do ato
Chega na poesia me reprimindo.

Ah! Por ti...
Apenas por ti pensando!
A sanidade já vai andando
Entre a falta de esperança pranteando.

Visconde do Rio Branco, 05/04/2010

Cristiano Durães

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Sem nexo?

Divagando...
Em noites quentes como tardes;
Em tardes frias como noites
E as manhãs não ganham adjetivos...

A rua é corada pela própria luz.
A luz se derrama... dilacera o escuro.
Como os raios do sol latente
Dilacerando os sonhos um a um.

Toda poesia voltando-se ao amor.
Simples e sereno o poema encontra
Desejos de não ser escrito.
Toda poesia voltando-se à dor.

Cada canto é uma saudade
E cada saudade, uma lembrança.
Cada lembrança é uma dor
E de cada dor emana um pranto.

E cada gota do pranto insano
É a esperança de que o sorriso volte,
Como as gotas das chuvas gélidas
Que apenas buscam as esperanças
De que o sol volte a iluminar as vidas.

Ervália, 28/01/2013

Cristiano Durães

domingo, 27 de janeiro de 2013

Copas

São noites tão vazias
No coração do amante!
E em diversas noites
Sonhei contigo, querida.
Sem ter uma ponta de sorriso;
Sabendo que capricornus
É distante de Librae.

São tons menores tão serenos
No coração do amante!
Instigam-no a ir;
Sem qualquer cigarro no bolso
Pra onde a sensatez o levar.
Sobriedade derramando-se
Entre a felicidade dos embriagados.

São desejos tão solitários
No coração do amante!
E a solidão afronta
Os verbos que ele emprega.
Culpados são os adjetivos
Presentes nos ideais
De ideal.

São versos tão inúteis
No coração do amante!
E exalam algum tipo de inveja...
São estrelas tão ofuscadas
Que nem o céu as almeja!
E no baralho bem embaralhado
Só tem cartas de um único naipe.

Viçosa, 26/01/2013

Cristiano Durães

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Papel de bala

Perdido.
No sentido mais rústico possível.
Dilacerando qualquer resquício
De sensatez.
Uma estrada sinuosa
Que amo e temo.

Temendo, amando e se perdendo
Caminha a vida.
Não ama mulher alguma;
Teme aquela que a encanta
E se perde em seu escárnio.

Ervália, 21/ /01/2013

Cristiano Durães

Mais um sem título!

O que o faz pensar
Que as dúvidas são inúteis;
Que a mentira irá se sagrar
E que a espera não vale a pena?

Diga, louco!
Por que foges do brando?
O delírio de um grito rouco.
Ecoa no teu quarto pequeno.

Trabalhe, homem!
Se quer conquistar o que diz...
Se quer fazer o susto lhe ver-
Saindo de quem lhe aflige!

Afronte-os!
Por mais que as mordomias voem;
Por mais que o teto se abra...
Você ainda tem onde se escorar.

Então desliga essa vitrola
E vai curtir o silêncio da noite
Fuma teu cigarro e vá dormir!
Amanhã será um dia bonito,
Basta criá-lo.

Ervália, 16/01/2013

Cristiano Durães

Dizendo a verdade

Vou lhe dizer
Que não sei porque sim
E muito menos porque não.
Não... não digo mais nada
Além do que não sei interpretar,
Diferente de você.

Vou lhe dizer
Que não sei o que dizer
E muito menos o que fazer.
Não... eu não queria rimar!
Mas sem ao menos tentar
Fiz algo sem querer.

Vou lhe dizer
Que não sei de onde vem
E muito menos o porquê de ter vindo.
Não... não falo de você...
É a poesia que me mostra
Para as mentes mais sensatas. 

Vou lhe dizer
Que não sei o que decorar
E muito menos porque sentir.
Não... não há nada interessante...
Por tempos tenho jogado
E continuo derrotado.

Vou lhe dizer
Que não sei mais o que não saber
E muito menos porque devo saber.
Não... não é nada que eu não sinta
Mas não é que eu sinta também...
É apenas algo que me encanta
E que assusta...

Ervália, 21/01/2013

Cristiano Durães

Bem aí...

Último talvez...
Primeiro jamais.
Enleios, enleios e mais enleios.
Escassez de emoções interessantes.
Nada faz medrar
Os desejos de medrar.
Tua voz não ecoa
Porque a natureza não permite.
Mas parece ecoar...
Disso tenho certeza.
Santificadas sejam as fugas
Pois eram bem menos arriscadas.

Viçosa, 19/01/2013

Cristiano Durães

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Poema à musa não amada

Me dê a tua mão.
O escárnio hei de ab-rogar.
Por ti apenas enlevo no coração;
Não chega a ser um amar.

Ingênuas mãos aqui lhe escrevem.
Plácidas... ainda creem.
De langues vates uma nuvem
De lágrimas que derrama o homem.

A chuvana vidraça tamborila.
Lacrimosa nênia já foi esquecida.
Antes da dor o enlevo se cala,
Abrindo na vida uma nova ferida.

Esmorecida talvez estejas!
Em casto sono tão mais divinal
Que o calor das pelejas
Ou que dos prantos o sal.

As estrelas continuam brilhando
Mais do que meus cantos.
As flores continuam embalsamando
Mais do que os encantos.


Não me preocupo com rimas

Quando são para ti os versos.
Não me importa se amas
Os escárnios mais peversos.

O medo resvala a vida,
Como os beijos da cândida amada
Agora distante e desinibida 
Como a relva mais plácida.

Querida, eu vou deixá-la...
Mesmo que ainda não estejas comigo.
Querida, o firmamento me apunhala
Tal qual medo de que partas tão antigo.

Perder sem ter...
O homem perde a paz que não tem...
As rosas irão perder
Os perfumes que ornam o harém.

Encha meu peito de amor
E diga-me que essa é a última vez
Que rimo amor com dor! 
Roce teus lábios em minha tez!

Fita-me! Beija-me!
O arrebol delira incompleto!
Ama-me! Mostra-me!
De sonhos meu peito é repleto!

Ervália, 17/01/2013

Cristiano Durães

Areia e sangue

A noite é o açoite
Que instiga-nos a crer;
A pensar e indagar
Ante à realeza
Que emana a lua...

Tantas cabeças já rolaram!
Tantos versos já cantaram
As dores da honra imbatível
Que nem o medo inabalável
Conseguiu suportar...

Impérios caídos...
Sangue de guerreiros
Derramado por hipócritas.
Indelicadas e impuras festas
Consagrando as desgraças.

Aquietam-se o ódio e o desejo.
O devaneio do beijo
Fez com que o soldado mais tonante
Vesse sua cândida amada e revesse seu levante,
Pensando em retornar...

Invejosos deuses
Esperavam que os meses
Os envelhececem como o banal
Que eles chamam de mortal.
Esse só deseja não morrer.

Na atualidade a noite é longa
Quando é tempo de virtuosa vigília.
Não há amor e as guerras não condenam
Os homens que a criaram.
Talvez o rubro do sangue nas espadas
Tenha sido mais honrado
Que o tédio da falta de propósito
Que amola os nossos guerreiros...

Ervália, 16/01/2013

Cristiano Durães

Não!

Não! Não me toque!
Não quero que o coração
Ame o que eu penso.
Nem me venha dizer
Que algumas coisas são possíveis.
Tantos amores...
Tantos ardores...
Apenas impossibilidades
Que se fundem com os desejos...

Querida, eu vou deixá-la...

Ervália, 15/01/2013

Cristiano Durães

Contradizendo-se

Lacrimosos versos
Sem motivos e sem contexto
Inundam-me os olhos
E enchem-me o peito.

Saudades? Não deveria ter...
Talvez não estejas distante...
Talvez eu devesse correr;
Fugir de cada instante...

Fitando-me ela sorri
E do fresco da distante viração
Meu sonho sorri.
Perdoa-me, coração?

Como quando me embriago,
Vou me forçar a crer,
Felicitando-me com apenas um trago
Sem ao menos pensar em lhe ter.

Ervália, 13/01/2013

Cristiano Durães

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Poema ao fim da garrafa

Madrugada adentro
Os garrafões de vinhos poentos
Me serviram de estro
Mas não embriagaram meus pensamentos.
Em langues devaneios
O escárnio se diz ausente
Mas os sonhos e os medos
Dizem que é presente e que sente.
Seus efeitos trespassam os sonhos
E deixam os medos tresnoitando.
E como os dias não são tão risonhos
A embriaguez sempre chega me saciando.

Ervália, 10/01/2013

Cristiano Durães

Soneto à certa incerteza

Que mimo de anjo agora despertando
Em divinas manhãs daqui distantes
No tão tórrido desdém se esvairando
Sem saber dos seus tórridos amantes.

Talvez os amores a umedeceram
E a seriedade altiva a corrompeu...
Talvez as epopéias se calaram
E o seu amor em seu peito morreu.

Sou o amante conformado que não ama
Mas que pragueja contra a vil frieza
Que o coração dela- feroz- derrama.

Sou o tal jovem que afirma com destreza,
Ante à face da jovem que o peito clama,
A existência da tão certa incerteza.

Ervália, 10/01/2013

Cristiano Durães

Galopante e vigorante

Existe algo além
Do ecoar dos sinos de belém
E das flores a perfumar
O jardim do admirar.
Algo como crer
Sem a bíblia ler;
Algo como rocha tão fria
Que se aquece durante o dia.

Amo o termo "noctivagando",
E, noctivagando vou falando
Dos delírios mais ousados
E dos incensos mais perfumados.
Com as estrelas que brilham no céu
Hei de fazer o véu
Que cobrirá meu corpo gélido
Em seu perecer mais calado.

Trepidando as folhas no jardim;
Empoeirando-se o alvo marfim.
Os anátemas se avolumam
Quando as noites se consagram.
As espadas- já quebradas-
Ainda se dizem afiadas.
E as rimas tão pobres
Vem das mentiras que cobres.

Mentir! Para Deus mentir!
Talvez não devessemos ir
Rumo à maléfica blasfêmia
Que emana a vida boêmia...
Morrer! Por Deus morrer!
Talvez não devessemos correr
Com demasiada pressa
Para o deus que nos apressa.

Flores rochas e seus cheiros de morte.
De velórios tão castos o encarte.
As concumbinas ofendidas
Do que as princesas são mais honradas.
Distantes amores não amados
Serão em breve aqui cantados.
Incrível dor no corpo doente
Aquieta-se mostrando-se demente.

Noctivagando as tristezas voam!
Trespassando o sol os sorrisos escoam!

E antes que a dor se cale, de fato,
Existe algo que enlanguece o ato,
Como a lua que se escondia
Tornando a noite mais escura e sombria
Pouco antes que o dia
Aniquilasse a dor que me nutria.

Ervália, 10/01/2013

Cristiano Durães

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Constelações ocultas

Incomodado;
Talvez pela falta de nicotina
E algo curtido no carvalho.
Torrente de anátemas
Que sempre são mais tonantes
Quando o crepúsculo estampa
Os céus mais contentes.
Insídias apenas de um lado.
Aliado contra aliado
Digladiando nas estrelas
Que começam a nos olhar.
Nos dão dúvidas
Ainda maiores
Do que os olhos feminis.

Ervália, 08/01/2013

Cristiano Durães

Pensamentos do meu eu nesse momento

Me perdoe se o meu eu
Que conheces
Seja o que eu não uso.
Talvez o violão esteja desafinado
E suas cordas enferrujadas.
Se por tanto tempo
Os corações, versos e rosas
Foram companheiros nas noites
Mais tórridas do meu eu,
Posso trocar tudo isso
Por lápide, liberdade e plástico.

Talvez o medo de ir
Afronte a dor de ficar.
Talvez a vontade de medrar
Seja ofuscada pela sina de falhar.
Judas!
Tua traição
Enlouqueceu-o após derradeiro beijo.
A forca sorri.

No fim,
Os arranha-céus parecem pequenos
E as profundidades dos lagos
Parecem bem menores
Que as caminhadas da vida.

Ervália, 08/01/2013

Cristiano Durães

Parabéns!

Sensatez:
Foi-se com a vontade
De crer que é mais simples.
Noites e mais noites
Derramando-se em vão.

Embriaguez:
Foi-se com o sorriso
Que meus lábios estampavam.
Taças e mais taças
De vinho derramado.

Lucidez:
Foi-se com a loucura
De pensar que é lúcido.
Versos e mais versos
Nas mãos do vate.

Ervália, 05/01/2013

Cristiano Durães

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Na areia

De grão em grão
A areia no rio escoa.
É lenta, tal qual vento
onde outros grãos
Se perdem.

Gota a gota
O rio foge à imensidão
Do mar que o espera
Sempre mais belo
E mais tonante
Do que o rio
Sempre foi.

A pedra morna
Tem menos estro
Do que a areia-
Tão clara e fina
Onde escrevo
Os substantivos aleatórios
Que ganham sentido
Ao ver a água chegando.

Espero que a ondinha
Apague o nome que ali escrevi.
Mas que a brisa tão amena
Não apague o passado,
O presente e a incerteza
Que deixei gravado
Longe da margem do rio
Onde os desejos eu guardo.

Rio Pomba, 03/01/2012

Cristiano Durães