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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Soneto a um agonizante

Determinado acalanto insiste
Em ausentar-se com virtuoso afã
Desse vil coração que trina triste
E desmaia a cismar ovante e louçã.

Se desvairada vertigem abre
Um negro portão; um cemitério altivo.
Queimando-se em feroz receio e febre,
Caminha ao ermo pelo que não é vivo.

Não se perde. Talvez  porque vê o muro.
E, num delírio, desaba-se em pranto
Por ver que ali é demasiado escuro.

Não se intimida com seu próprio canto,
Já que num gole fatal e tão puro,
Dorme tão sereno no ápice do encanto.

Ervália, 23/04/2013

Cristiano Durães

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