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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Misteriosamente fascinante

Os olhos femininos são como os olhos dos felinos: Misteriosos.

  Um demonstra a dúvida de amantes e de amores próprios. O outro transparece a dúvida da racionalidade e da superioridade ante as outras criaturas.
  No fim, ambos são exatamente iguais.

O misterioso nos fascina...

No campo

              "Amanhecer é uma missão do universo
                Que nos ensina que é preciso renascer"
                          RENATO TEIXEIRA

Longe das luzes artificiais
E dos motores barulhentos...

O silêncio é atordoado
Pelo suave som
Da música que ecoa
Na sala do casarão antigo.
Tenho um cigarro
E um baralho incompleto...
Me privo do poetismo 
De falar "aguardente"
E encho o peito de ar e vontade
Pra tomar uma cachaça.

Esperando o sol
Que outrora se punha,
Enchendo meus olhos
De dolorosa beleza
E fazendo-me pensar
Em desatinos e desejos,
Eu penso que, 
No fim,
Estou sempre em inútil fuga... 

Ervália, 

21/11/2012

Cristiano Durães

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Eu agora


Sentado;
O chão é gelado.
O cigarro apagado
Já foi todo fumado.
Mais um cigarro queimado.

Caindo;
As cinzas sujando;

O tempo parado.
O livre e o encarcerado
Digladiando lado a lado.

Amando;
O peito arquejando;
Ferocidade delirando;
O noturno perdido
E o soturno despercebido.

Escrevendo;
Em linhas tortas agonizando.
A testa descorando;
No quarto vazio morrendo.
Mais um cigarro apagado...

Cristiano Durães

Planos de Papel

https://www.youtube.com/watch?v=DloXgeFjZCY

Raul Seixas: Planos de Papel

Recomendo!

Conselho de uma vela acesa

Canta, anjo!
Quero ouvir-te
Sussurando o próprio amor.
Tudo que almejo,
Antes da sorte e da morte
É saber o tom do velho tenor.

Em tantos tons eloquentes
E tantas luas tão repentes
Existe as dores e rictos que sentes!
Cante entre os levantes;
Na calmaria dos instantes
Em que os sentimentos são latentes!

O vento que outrora
Soprou os desejos mente afora,
Voou rumo à aurora
Em outro peito em que o amor aflora-
Seja por dentro ou por fora-
E que alenta alguém agora.

 Lua, rosa e chuva.
A poesia é quem se curva
Ante a vida que amava.
Cante o frescor da relva!
Nela a mesma poesia se deitava
E com a sanidade que se inebriava
Ela se enchia e sonhava.

Ervália, 28/11/2012

Cristiano Durães

Pensando no que pensei

Pensei em falar de amor...
Mas não há cinzas no cinzeiro.
No palco não há ator.
Não há cegueira no nevoeiro.

Pensei em falar de noite...
Mas não tem cigarros na gaveta;
Nem a lua vem com a sorte
Que o frio noturno afugenta.

Pensei em falar de flores...
Não há perfume nas sacadas
E as janelas tão sem cores
São apenas janelas fechadas.

Pensei em parar de falar...
Não há vida no poeta sem tinta.
Não há beleza na falta do ato de amar.
Não há na vida do papel sem linha
Algum resquício de poesia extinta.

Ervália, 28/11/2012

Cristiano Durães

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Agonia

O mundo já foi mais belo e menos desmotivador. Precisamos de cirurgias espirituais. Precisamos trocar a essência das almas e das mentes errantes que, no fim, são apenas almas descrentes.

Uma rosa com nome de mulher!

Tão bela rosa havia de nascer
Entre os delírios enamorados,
Os devaneios tão doirados,
E entre a melancolia do perecer!

Amei demasiadamente tal botão.
Botão de rosa vermelho e rosa!
Tão vivaz e tão cheirosa
Era a sua orvalhada pétala brilhando no clarão!

Mas o botão também tem espinhos
E tenta ser rosa madura pra compensar!
Se dilacera sem medrar
E sem pensar em seus caminhos!

Despedaçou-se. Desbotou-se
Tentando amadurecer.
E nada que alguém fizesse 
Faria-a renascer.

E a rosa que um dia
Despertou amores e simpatia,
Hoje, nem durante o dia, 
Derrama vida como fazia!

Ervália, 26/11/2012

Cristiano Durães

Pedindo perdão... Pelo que mesmo?

Perdoe-me, meu amor!
A lua pranteia à minha espera.
Tenho que ir em busca do céu incolor
Que há tempos me chamara.

Perdoe-me, meu amor!
Dos poucos versos que a ti dediquei,
Esses são os mais sinceros e sem dor.
 A solução derradeira eu já criei.

Perdoe-me, meu amor!
Mas os sorrisos são mais tonantes
Do que os anátemas; do que todo ardor! 
Os sorrisos têm significados mais inspiradores!

Perdoe-me, meu amor!
 Mas não se abre a força um botão de rosa,
Independente de sua cor
Ou se é bela ou horrorosa!

Perdoe-me, meu amor!
Mas o futuro sem ti
É mais virtuoso e sem clamor.
Para a vida, enfim, parti.

Perdoe-me, meu amor!
Mas já vou me deitar.
E essa ausência de dor
Só mostra que não tens nada pra me perdoar!

Ervália, 26/11/2012

Cristiano Durães

Faz parte da gente!

Confusão:
Faz parte de mim;
Faz parte da gente.

Nós somos apenas um...
Apenas um monte de decepções
Faz parte de mim;
Faz parte da gente.

Nós somos dia e noite;
Opostos que não se atraem.
Fa parte de mim;
Faz parte da gente.

Amor:
Faz parte de mim;
Unicamente de mim.

Ervália, 20/11/2012

Cristiano Durães