Pensei em falar de amor...
Mas não há cinzas no cinzeiro.
No palco não há ator.
Não há cegueira no nevoeiro.
Pensei em falar de noite...
Mas não tem cigarros na gaveta;
Nem a lua vem com a sorte
Que o frio noturno afugenta.
Pensei em falar de flores...
Não há perfume nas sacadas
E as janelas tão sem cores
São apenas janelas fechadas.
Pensei em parar de falar...
Não há vida no poeta sem tinta.
Não há beleza na falta do ato de amar.
Não há na vida do papel sem linha
Algum resquício de poesia extinta.
Ervália, 28/11/2012
Cristiano Durães
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