É
noite em tantas existências...
Tantos
sorrisos forçados
Tantas
dores; tantas ardências
No
viver desses desesperados!
E
quantas lágrimas deixaste cair?
Quantas
vezes perguntaste ao devir
Se
faltava muito pra se extinguir o mar?
Tal
mar de plantas negras à humanidade
Vive
sorrindo e mostrando-se diverso.
Não
ostenta apenas uma flor de vaidade.
Nele
se encontra todo tipo de raiz do universo.
Cada
folha é um anátema
Que
a escuridão teima em ocultar.
Em
cada espinho vê-se a queima
De
cada virtude distante do olhar.
São
margaridas negras emanando incerteza
E
damas da noite embalsamando a morte.
São
rosas negras de amor sem destreza
E
apenas murchos trevos de má sorte.
Tudo
é treva nessas praias,
E
o vento voa batendo a porta.
Ao
som do uivo de tais ventos (turvas vaias)
Dorme
o poeta que não se importa.
Dorme
na imensidão de tal mar.
Em
suas ondas de negras pétalas vaga a falua.
Dorme
sem medo de naufragar,
Crendo
que o mar tenha a languidez da lua.
Desperta
quando um espinho de rosa
Encrava-se
em seu peito viril e amante.
Vê
que a cor do sangue é honrosa
Quando
essa cora sua pele trepidante.
A
rosa é negra como a noite
Que
emana trevos de má sorte.
O
espinho é seco e é o açoite
Que
fere o desdém ante a morte.
Toda
rosa deveria ser escura,
Já
que o que representa não é singelo.
Todo
espinho deveria ter mais verdura
Já
que suga a vivacidade do elo.
O
poeta vê que no fundo celeste
Um
luzir estonteante se enaltece.
Não
crê que o criador o teste;
Vê
que o nascer do sol já acontece.
A
aurora é o anjo de Deus
A
desmanchar as filaúcias inglórias.
Por
ela encantam-se o adeus,
A
mente errante e as escórias.
O
poeta se encanta com o eflúvio do albor,
Deixando
de lado aquilo que deveria ver.
Esquece-se
do cigarro e diz sem dor:
“Contemplar
o belo é o meu dever!”
Turvas
pétalas cinzentas em seu rosto batendo...
Voam
ao ermo no vento que regela
Aquele
que via o perecer engrandecendo
E
agora contempla a aurora tão bela.
Não
há negrume a interrompê-lo.
Há
apenas algo como o anoitecer.
Com
rósea pétala em seu cabelo,
Ele
não se preocupa sem perceber.
Seus
olhos têm a cor do inferno
E
em seus lábios guarda belos cantos.
Quem
diria que o sol- tão terno-
Poderia
dar-lhe tantos encantos?
Pisa
na treva que tinha
O
mar de ardor; o imponente.
No
fundo, serena modinha
Seria
algo interessante.
É
o sol em seu reinado de açoite!
Já
deixou de ser tão frágil albor!
Colore
tudo que era negro ontem a noite;
Revelando
alva paz e rubro amor!
Ervália,
12/03/2013
Cristiano
Durães
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