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terça-feira, 16 de abril de 2013

Na tua lápide...

Sabe, amor...
Os céus também choraram;
Os pássaros não cantaram
Só porque tuas mãos se descoraram.
Escrever é tão complicado
Se quando abro meu caderno
Vejo teu desenho ali gravado!
Se teus anseios a umedeceram...
Se teu nome permanece junto ao meu...
Se já não brilhas como o camafeu...

Sabe, amor...
Sei que sabes
Do quanto és mister.
Promessas sempre serão promessas;
Estejas onde estiver.
Não há razão numa pedra fria.
É turva a languidez dela
Quando emana cinzenta nostalgia.
E eu acho tão funéreo
Esse teu leito florido;
Esse negrume coroado
Com tantas lágrimas orvalhado...

Sabe, amor...
Tanta chuva me molhou
Nessa tarde preta e branca!
Tanto pranto na face se escoou...
Memórias já perdidas
Retornam devagar
Ao vazio de um lugar
Que deu tanta cor-
Em meio a tanto ardor-
Para aquilo que chamávamos de amor.

Sabe, amor...
Não pude tocar-lhe a fronte...
A frieza da tua tez
Regelou aquele instante.
Esse vazio que corrói
Bem mais que um amor distante
Enaltece-se a cada instante,
Querendo se apossar.

Prometendo jamais deixar
Alguma rosa alva murchar;
Hei de te falar quando chegar;
Teu leito tristonho sempre hei de recamar.

Sabe, amor...
Eu poderia perguntar-lhe
Se devias partir assim;
Crendo que a vida é mero detalhe...
Detalhe que a unia a mim...

Ervália, 11/04/2013

Cristiano Durães

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