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terça-feira, 16 de abril de 2013

Versos íntimos

Coroemos as noites escuras
Com o langor do céu.
Façam-me cobrir esculturas 
Com o mais negro véu.
E em dias de sóis e culturas
Amemos o calor tão tórrido.
Nas gotas das turvas chuvas
Deixemos o devaneio mais sórdido. 

O peito cavalga tonante
Na estrada da poesia.
É uma estrada que num instante
Nos enche de nostalgia.
Ora florida e rescendente;
Ora inerte e sem vida.
Nela vaga- tão ardente-
O anjo com sua ferida. 

De amor e fraqueza me infesto.
São insídias com atroz eflúvio.
Crer é como raio infausto
Que antecipa o dilúvio.
E quando chega a tormenta do pranto
Me resta amar o vinho e o fumo.
Que importa se o falso encanto
Em mero capricho eu resumo?

Talvez os versos me tomaram,
Mesmo não sendo grandes clássicos.
Talvez os fatos se revelaram
Como rotos anátemas arcaicos. 
Crer nos cortejos que se avolumam
Nos deixa embriagados.
Já que filaúcias se consolidam,
Estariam todos os grandes errados?

A lua sempre será crua... 
E ambas palavras sempre vão rimar.
É como a sanidade na falua
Que à deriva há de ficar.
Não incomoda a luz da lua...
Apenas inquieta o peito ardente.
Se a vida tem se exibido nua
Quem se importa com quem expõe a mente?

De amor e fraqueza me infesto...
E os anátemas são mais guerreiros.
Aniquila-nos como demônio incauto.
Cega-nos como os nevoeiros.
São duas vidas de encanto
Cruzando com as impossibilidades.
Que beleza há no olhar em pranto
Vendo fugir as felicidades?

Ervália, 08/03/2013

Cristiano Durães

Um comentário:

  1. Este foi o meu preferido dos últimos que você postou baby.. li em voz alta, umas 5 vezes, saboreando com as palavras saiam em cada momento.. Adorei!
    "Crer é como raio infausto
    Que antecipa o dilúvio."

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