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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Amanhecendo-me

Noctivagando...
Entre tons e olhos valseando.
O silêncio ausente
Hoje parece mais silente.

A vida pede licença
E queima a inteiriça
Saudade do leito
Que jaz no peito.

Cigarros e mais cigarros
Sem vontade foram fumados.
As portas dos bares fechados
São apenas sorrisos escondidos.

Inteiriça mixórdia
Se perdendo na malevolência
Dos ébrios conscientes 
A gritar com o rastro dos dementes.

São apenas insídias da noite
Avolumando-se com a sorte.
Volto a rimar cansaço
Com tudo que faço.

Flácido desalento!
Fulminante e atento...
Entre o ímpeto agora inócuo
Ante tudo que fluo.

Minorando-se a dor do peito
A falta de amor e despeito
Se converte em velas prosopopéias
Presentes em lânguidas epopéias.

O último cigarro esse vai ser.
O sino diz que é hora de deter
A inerte, porém furiosa
Poesia melindrosa.

No morno da noite- aos bagaços-
Eu vou, mesmo que o dia me impeça,
"Me embriagar com versos
Até que a insônia me esqueça."*¹

*1 Adaptação de trecho da música "Cálice", de Chico Buarque de Holanda.

Ervália, 28/12/2012

Cristiano Durães

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