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domingo, 2 de dezembro de 2012

Poeta cansado

Cansado do cansaço.
O coração que se cansou de bater
Desfaz tudo o que faço.
Me canso de me perder.

Os céus cansados de chover
Se abrem e se cansam de brilhar.
Canso-me da água a bater
No muro a desmoronar.

As rimas cansadas de serem pobres
Se desfazem e se cansam de rimar.
Os olhos cansados de ver as sortes
Derramam lágrimas cansadas a se desvelar.

E os braços cansados de trabalhar
Fraquejam e se cansam dos descansos.
A nação cansada de fracassar
Deseja ter pra si mais homens cansados.

Cansei-me de delirar.
Cansei-me da falta de ser.
Hei de adormecer no mar
E nesse mar de cansaços, morrer.

Ervália, 02/12/2012

Cristiano Durães

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