São três e quarenta e sete da manhã. Estou deitado no chão do terraço e a lua continua mostrando apenas metade de sua face. Ora! Parem de me imaginar assim!
A insônia começa a criar os seus filhos e eu me lembrei de ter ouvido falar de um poeta que já disse ser o poeta da loucura, mas que agora é apenas poesia doente. Um poeta que se sente encarcerado. Que tem um belo sorriso durante o dia e os olhos inchados e salgados durante a noite. Se perde entre sílabas, ventos e vidas.
Ah! As vidas! Vidas, vidas e mais vidas! Vidas pensantes, errantes e estagnadas. O poeta se vê diante todas elas e nota que não se encaixa em nenhuma. Ele tem avós pensantes, amadas errantes e amigos estagnados. Ama a todos e seu coração o condena.
Ah! Os corações! Corações, corações e mais corações! Corações sóbrios, amantes e pulsantes. O poeta sabe que o seu é uma mistura de tudo isso. Ama a todos, mas dedica prantos à frieza do pulsante. É um coração gélido que não faz nada além de pulsar.
"Existem perguntas.", ele sussurra para as estrelas, sabendo que essas são personagens do filme que o deixa com as maiores dúvidas. Ele precisa perguntar; precisa saber o porquê de estar deitado no chão gelado. Precisa saber o porquê de estar completando cinco dias em claro; em feroz vigília pelo dia, mesmo que o cansaço já o atordoe. Precisa lembrar de ter fé. Não só em deuses e coisas místicas, mas principalmente nele mesmo. Precisa saber o porquê disso também.
Na realidade, tudo que escrevi é uma metáfora que diz que o poeta agora é cansado, amante e, sobretudo, criança. Sua intensidade é intensa e o que mais o incomoda é o fato de tudo isso estar incomodando-o.
"Meu Deus! Mágoa ou fascínio pela mesma?"- ele se perguntou ao ler tudo que escrevi.
Ervália, 23/12/2012
Cristiano Durães
Nenhum comentário:
Postar um comentário