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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

De amor para amante

Sou fogo ardente
E espinho pontiagudo.
Mesmo que o sonho me atente
Eu- com escárnio- o acudo.

Sou rastro de sangue
E a mentira que emana a prece.
O devaneio mais langue
Meu existir enaltece.

Sou mistério de noite casta
E fio de espada amolado.
E mesmo quando o perecer se afasta,
Por ele eu sou amado.

Sou raio de sol alado
E lágrima em noite coberta por mortalha.
Até quando a bátega brame seu rugido,
Meu sussurro a razão estraçalha.

Não crivo as vidas
De verdades tão malfadadas.
E se eu laurear as vossas amadas,
Acreditem no júbilo das folhas amareladas.

Não sou demônio sedento
Por lágrimas salgadas e doridas.
Mas se pensam que sou anjo incauto,
Cuidado! Recamem mais as vossas vidas!

Ervália, 25/02/2013

Cristiano Durães

3 comentários:

  1. O poema todo é divino! Mas eu gostei demais dessa estrofe: "Sou fogo ardente
    E espinho pontiagudo.
    Mesmo que o sonho me atente
    Eu- com escárnio- o acudo." Você já deve imaginar porque ushauhsus. E eu gosto do fogo..

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  2. "Não sou demônio sedento
    Por lágrimas salgadas e doridas.
    Mas se pensam que sou anjo incauto,
    Cuidado! Recamem mais as vossas vidas"

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  3. A parte predileta das prediletas, é a que o lilique citou! Muito bom menino :))

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