segunda-feira, 20 de maio de 2013
Vagabundo vazio em manhã de domingo
Vagabundos tão quietos agora!
Vagam mudos pela aurora
Vendo-se parte da fauna e perto da flora;
Varrendo os desejos mente afora.
"Algoz" realmente tem que rimar com "atroz"
Assusta-nos... é robusto; feroz.
A demência do sangue dá a nós.
A sua desdita é digna e veloz.
E o vazio vagabunda comigo,
Entre esses resquícios de abrigo
E a serenidade da manhã de domingo.
Existe vazio vagabundando contigo?
Ervália, 19/05/2013
Cristiano Durães
Vagam mudos pela aurora
Vendo-se parte da fauna e perto da flora;
Varrendo os desejos mente afora.
"Algoz" realmente tem que rimar com "atroz"
Assusta-nos... é robusto; feroz.
A demência do sangue dá a nós.
A sua desdita é digna e veloz.
E o vazio vagabunda comigo,
Entre esses resquícios de abrigo
E a serenidade da manhã de domingo.
Existe vazio vagabundando contigo?
Ervália, 19/05/2013
Cristiano Durães
Aviso aos Navegantes
Brindemos às nossas vidas e cóleras,
Já que o ímpeto nos faz prepotentes!
Chamemos nossas mentes de víboras
Já que não aceitamos quando chamam-nas de serpentes!
Eis a lástima das existências poéticas:
Ouve-se o que é mudo; encherga-se os invisíveis.
Eis os adjetivos atribuidos às verdades patéticas:
Poentas, morimbundas e imprescritíveis.
"Cansado" é o termo correto.
E quanto às promessas eu fico quieto,
Já que o impulso que me dá o ímpeto
Já foi por mim tantas vezes prescrito.
Terra do Nunca, 20/05/2013
Cristiano Durães
Já que o ímpeto nos faz prepotentes!
Chamemos nossas mentes de víboras
Já que não aceitamos quando chamam-nas de serpentes!
Eis a lástima das existências poéticas:
Ouve-se o que é mudo; encherga-se os invisíveis.
Eis os adjetivos atribuidos às verdades patéticas:
Poentas, morimbundas e imprescritíveis.
"Cansado" é o termo correto.
E quanto às promessas eu fico quieto,
Já que o impulso que me dá o ímpeto
Já foi por mim tantas vezes prescrito.
Terra do Nunca, 20/05/2013
Cristiano Durães
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Onde estamos?
Aqui...
É onde a noite noctívaga-
Trajando ultraje e luto-
Silente vaga
Em seu reinado devoluto.
Lá...
É um lugar com nome de acorde.
É o tom do grito que se envilece.
Antes que o suspirar acorde,
É lembrança que se esquece.
Aqui...
Criva-se as noites impetuosas
Com o amargo do sangue
Que palpita nas trilhas venosas
E se derrama turvo e langue.
Lá...
Beijas os sonhos venenosos
Com teus lábios sujos de dor.
Não sei onde há união nesses casos...
"Lá" sempre será longe; seja onde for!
Aqui, 13/05/2013
Cristiano Durães
É onde a noite noctívaga-
Trajando ultraje e luto-
Silente vaga
Em seu reinado devoluto.
Lá...
É um lugar com nome de acorde.
É o tom do grito que se envilece.
Antes que o suspirar acorde,
É lembrança que se esquece.
Aqui...
Criva-se as noites impetuosas
Com o amargo do sangue
Que palpita nas trilhas venosas
E se derrama turvo e langue.
Lá...
Beijas os sonhos venenosos
Com teus lábios sujos de dor.
Não sei onde há união nesses casos...
"Lá" sempre será longe; seja onde for!
Aqui, 13/05/2013
Cristiano Durães
Pensamentos de um segundo de saudade
Tanto pranto sorrindo;
Tanto sorriso pranteando...
Tanto tempo se olhando no espelho,
Vendo tanto frio e tanto vazio
Que tanto me indago frente o nada que olho.
Tanta flor nesse quarto...
Um quarto de hora onde tanto se faz...
Tanta melodia no fundo do peito,
E num devaneio profundo tanto se é medaz...
Tanto "tanto" e,
No entanto,
Tanto se quer tanto falar
E tanto se fala em tanto querer...
Ervália, 13/05/2013
Cristiano Durães
Tanto sorriso pranteando...
Tanto tempo se olhando no espelho,
Vendo tanto frio e tanto vazio
Que tanto me indago frente o nada que olho.
Tanta flor nesse quarto...
Um quarto de hora onde tanto se faz...
Tanta melodia no fundo do peito,
E num devaneio profundo tanto se é medaz...
Tanto "tanto" e,
No entanto,
Tanto se quer tanto falar
E tanto se fala em tanto querer...
Ervália, 13/05/2013
Cristiano Durães
quinta-feira, 9 de maio de 2013
Ame!
A esperança não deve findar!
E esta deve junto caminhar,
com a mais sublime sensação.
Esta não vale menos,não,
Sempre,na guerra e na paz deve estar,
A sublime sensação de amar!
André Luiz
Questione,
Pois feliz é aquele
Que busca o saber;
Assim o forçado
A luz há de rever.
Observe,
Pois feliz é aquele
Que vê-se amanhecer
Por vezes enfermo e dorido
E sagrando o próprio ser.
Lute,
Pois imbatível é aquele
Que não renega o futuro
E sim a treva sem termo
A deixar o pensar impuro.
Alimenta-te
Do enlevo mais sereno
Na prece e na oração.
Honre teus sonhos em vida;
E o amor mais ameno
Não ouse tirar do coração.
Ervália, 09/05/2013
Cristiano Durães
E esta deve junto caminhar,
com a mais sublime sensação.
Esta não vale menos,não,
Sempre,na guerra e na paz deve estar,
A sublime sensação de amar!
André Luiz
Questione,
Pois feliz é aquele
Que busca o saber;
Assim o forçado
A luz há de rever.
Observe,
Pois feliz é aquele
Que vê-se amanhecer
Por vezes enfermo e dorido
E sagrando o próprio ser.
Lute,
Pois imbatível é aquele
Que não renega o futuro
E sim a treva sem termo
A deixar o pensar impuro.
Alimenta-te
Do enlevo mais sereno
Na prece e na oração.
Honre teus sonhos em vida;
E o amor mais ameno
Não ouse tirar do coração.
Ervália, 09/05/2013
Cristiano Durães
terça-feira, 7 de maio de 2013
Sopro sombrio
"A palidez não permanece;
O cheiro requer uma prece
Pra pedir a qualquer deus
Que os caminhos teus
Sejam mais belos e floridos
Do que os instantes por mim vividos."
O cheiro requer uma prece
Pra pedir a qualquer deus
Que os caminhos teus
Sejam mais belos e floridos
Do que os instantes por mim vividos."
Um sopro...
E nos olhos perde-se o nome.
Dança a lápide solta
E no negrume some...
É flor que não perfuma
E é dor que não perfura.
E na presença da alma
A mão revela-se impura.
Não! Faça silêncio!
Olha que mimo de mulher ali deitada!
E o palor já se perdeu há tempos
É só lembrança assutada.
E o quanto o instante
Se fez sombrio
É o quão nobre foi o beijo
Na frieza da tua tez.
Um sopro morno...
Pareceu se soltar...
Ervália, 07/05/2013
Cristiano Durães
quarta-feira, 1 de maio de 2013
Cacos de taça
I - O Cenário
Noite...
Tão lasciva quanto o dia;
Tão infame quanto a sorte.
E nas nódoas da melodia
Vaga o desalento torpe.
Verdade...
Tão leviana quanto a lua;
Tão mister quanto a sanidade.
É rude esa rima crua...
Alucina essa turva labilidade.
II - O ato
Embeba-me do fluído
Que alegra as psiques,
Independente do ruído
Dos ingratos "por ques".
Nessa taça quebrada
Existe o perigo langue
De cortar a boca calada
E misturar o vinho ao sangue.
Oh! Céus! De quem seria
Esse ato de se embebedar
Com vinho sangrento e poesia
Apenas pra sentir um amar?
Talvez seja cultura
Que meu etnocentrismo não deixa respeitar.
Talvez seja loucura
Que me remete a uma rima que alguém vai criticar.
III - Pedidos e explicações
Não me pergunte o motivo
Pra com tanto vinho eu me inebriar.
Sinta-me inerte, jamais vivo.
Talvez assim possas se acostumar.
É pensamento que se derrama
Nesse romantismo mal amado.
Não chamo mais de leito a minha cama
Já que nela não me sinto mais deitado.
São fantasmas noctívagos
Jogando-me no chão feito um beberrão.
São ideais que mentem- tão vagos-
Que um caco de vidro enterra no coração.
Ervália, 30/04/2013
Cristiano Durães
Noite...
Tão lasciva quanto o dia;
Tão infame quanto a sorte.
E nas nódoas da melodia
Vaga o desalento torpe.
Verdade...
Tão leviana quanto a lua;
Tão mister quanto a sanidade.
É rude esa rima crua...
Alucina essa turva labilidade.
II - O ato
Embeba-me do fluído
Que alegra as psiques,
Independente do ruído
Dos ingratos "por ques".
Nessa taça quebrada
Existe o perigo langue
De cortar a boca calada
E misturar o vinho ao sangue.
Oh! Céus! De quem seria
Esse ato de se embebedar
Com vinho sangrento e poesia
Apenas pra sentir um amar?
Talvez seja cultura
Que meu etnocentrismo não deixa respeitar.
Talvez seja loucura
Que me remete a uma rima que alguém vai criticar.
III - Pedidos e explicações
Não me pergunte o motivo
Pra com tanto vinho eu me inebriar.
Sinta-me inerte, jamais vivo.
Talvez assim possas se acostumar.
É pensamento que se derrama
Nesse romantismo mal amado.
Não chamo mais de leito a minha cama
Já que nela não me sinto mais deitado.
São fantasmas noctívagos
Jogando-me no chão feito um beberrão.
São ideais que mentem- tão vagos-
Que um caco de vidro enterra no coração.
Ervália, 30/04/2013
Cristiano Durães
Soneto a um agonizante
Determinado acalanto insiste
Em ausentar-se com virtuoso afã
Desse vil coração que trina triste
E desmaia a cismar ovante e louçã.
Se desvairada vertigem abre
Um negro portão; um cemitério altivo.
Queimando-se em feroz receio e febre,
Caminha ao ermo pelo que não é vivo.
Não se perde. Talvez porque vê o muro.
E, num delírio, desaba-se em pranto
Por ver que ali é demasiado escuro.
Não se intimida com seu próprio canto,
Já que num gole fatal e tão puro,
Dorme tão sereno no ápice do encanto.
Ervália, 23/04/2013
Cristiano Durães
Em ausentar-se com virtuoso afã
Desse vil coração que trina triste
E desmaia a cismar ovante e louçã.
Se desvairada vertigem abre
Um negro portão; um cemitério altivo.
Queimando-se em feroz receio e febre,
Caminha ao ermo pelo que não é vivo.
Não se perde. Talvez porque vê o muro.
E, num delírio, desaba-se em pranto
Por ver que ali é demasiado escuro.
Não se intimida com seu próprio canto,
Já que num gole fatal e tão puro,
Dorme tão sereno no ápice do encanto.
Ervália, 23/04/2013
Cristiano Durães
terça-feira, 23 de abril de 2013
Presságio dos seguintes ciclos
Que eu seja apenas esteio
A mitigar os cantos mais tórridos;
A queimar-lhe o seio
Cismando com esses devaneios ávidos.
Que esse lenir não seja ao léu.
Adamítico é esse idílio torvo
Que estilhaça-nos com o anil do céu,
Difamando-nos ante o alvo e o corvo.
Amarra-me com um trancelim
Nesse teu leito que matizo agora.
Implacável e árduo será assim
O ato de não rever a aurora.
Já que partiste no zênite,
Queima-me no regaço de gozo
A decepar os anjos de cada instante
Num devaneio pútrido e ignominioso.
Talvez no repente mais singelo
Coroaremos o negrume dos nossos leitos
Com o ideal noctívago do belo
E com o ilídio que arde nos nossos feitos.
Ervália, 23/04/2013
Cristiano Durães
A mitigar os cantos mais tórridos;
A queimar-lhe o seio
Cismando com esses devaneios ávidos.
Que esse lenir não seja ao léu.
Adamítico é esse idílio torvo
Que estilhaça-nos com o anil do céu,
Difamando-nos ante o alvo e o corvo.
Amarra-me com um trancelim
Nesse teu leito que matizo agora.
Implacável e árduo será assim
O ato de não rever a aurora.
Já que partiste no zênite,
Queima-me no regaço de gozo
A decepar os anjos de cada instante
Num devaneio pútrido e ignominioso.
Talvez no repente mais singelo
Coroaremos o negrume dos nossos leitos
Com o ideal noctívago do belo
E com o ilídio que arde nos nossos feitos.
Ervália, 23/04/2013
Cristiano Durães
Num escuro quarto de hora
Prodigiosa é a cura
Que se mostra imagística.
Tão divina quanto impura,
Resvala-se na mão mística
Do marcado verdugo
Mais sábio que Victor Hugo.
Proeminente epopéia
É o envoltóio da solitude
Que cobre a platéia
E assassina a juventude.
Tênue- arruina as honras pretéritas
Das mais eloquentes "veritas"
E, na verdade,
Continua rude
A palavra "saudade"...
Ervália, 22/04/2013
Cristiano Durães
Que se mostra imagística.
Tão divina quanto impura,
Resvala-se na mão mística
Do marcado verdugo
Mais sábio que Victor Hugo.
Proeminente epopéia
É o envoltóio da solitude
Que cobre a platéia
E assassina a juventude.
Tênue- arruina as honras pretéritas
Das mais eloquentes "veritas"
E, na verdade,
Continua rude
A palavra "saudade"...
Ervália, 22/04/2013
Cristiano Durães
Analisando aa situação interna
E, de repente,
A manhã mente
Revelando a silhueta das matas;
Berrando nas vicissitudes mais castas.
Ela diz que é salvadora...
Diz que o luzir que emana é o que doira.
E, de imediato,
É silente o ato.
Quando o leito é poento
É estrondoso o arrependimento.
Se menor for o sorriso,
"Si menor" entoa tão liso!
Os violinos de Bach
São punhais no peito de quem desaba
Ao saber que a rosa murchou.
Ee já que anônimo eu não sou,
Não me pergunte meu nome.
Perguntar apenas some
Com o impulso dado pela morte
E pela dor de um profundo corte.
Ervália, 21/04/2013
Cristiano Durães
A manhã mente
Revelando a silhueta das matas;
Berrando nas vicissitudes mais castas.
Ela diz que é salvadora...
Diz que o luzir que emana é o que doira.
E, de imediato,
É silente o ato.
Quando o leito é poento
É estrondoso o arrependimento.
Se menor for o sorriso,
"Si menor" entoa tão liso!
Os violinos de Bach
São punhais no peito de quem desaba
Ao saber que a rosa murchou.
Ee já que anônimo eu não sou,
Não me pergunte meu nome.
Perguntar apenas some
Com o impulso dado pela morte
E pela dor de um profundo corte.
Ervália, 21/04/2013
Cristiano Durães
terça-feira, 16 de abril de 2013
Na tua lápide...
Sabe, amor...
Os céus também choraram;
Os pássaros não cantaram
Só porque tuas mãos se descoraram.
Escrever é tão complicado
Se quando abro meu caderno
Vejo teu desenho ali gravado!
Se teus anseios a umedeceram...
Se teu nome permanece junto ao meu...
Se já não brilhas como o camafeu...
Sabe, amor...
Sei que sabes
Do quanto és mister.
Promessas sempre serão promessas;
Estejas onde estiver.
Não há razão numa pedra fria.
É turva a languidez dela
Quando emana cinzenta nostalgia.
E eu acho tão funéreo
Esse teu leito florido;
Esse negrume coroado
Com tantas lágrimas orvalhado...
Sabe, amor...
Tanta chuva me molhou
Nessa tarde preta e branca!
Tanto pranto na face se escoou...
Memórias já perdidas
Retornam devagar
Ao vazio de um lugar
Que deu tanta cor-
Em meio a tanto ardor-
Para aquilo que chamávamos de amor.
Sabe, amor...
Não pude tocar-lhe a fronte...
A frieza da tua tez
Regelou aquele instante.
Esse vazio que corrói
Bem mais que um amor distante
Enaltece-se a cada instante,
Querendo se apossar.
Prometendo jamais deixar
Alguma rosa alva murchar;
Hei de te falar quando chegar;
Teu leito tristonho sempre hei de recamar.
Sabe, amor...
Eu poderia perguntar-lhe
Se devias partir assim;
Crendo que a vida é mero detalhe...
Detalhe que a unia a mim...
Ervália, 11/04/2013
Cristiano Durães
Os céus também choraram;
Os pássaros não cantaram
Só porque tuas mãos se descoraram.
Escrever é tão complicado
Se quando abro meu caderno
Vejo teu desenho ali gravado!
Se teus anseios a umedeceram...
Se teu nome permanece junto ao meu...
Se já não brilhas como o camafeu...
Sabe, amor...
Sei que sabes
Do quanto és mister.
Promessas sempre serão promessas;
Estejas onde estiver.
Não há razão numa pedra fria.
É turva a languidez dela
Quando emana cinzenta nostalgia.
E eu acho tão funéreo
Esse teu leito florido;
Esse negrume coroado
Com tantas lágrimas orvalhado...
Sabe, amor...
Tanta chuva me molhou
Nessa tarde preta e branca!
Tanto pranto na face se escoou...
Memórias já perdidas
Retornam devagar
Ao vazio de um lugar
Que deu tanta cor-
Em meio a tanto ardor-
Para aquilo que chamávamos de amor.
Sabe, amor...
Não pude tocar-lhe a fronte...
A frieza da tua tez
Regelou aquele instante.
Esse vazio que corrói
Bem mais que um amor distante
Enaltece-se a cada instante,
Querendo se apossar.
Prometendo jamais deixar
Alguma rosa alva murchar;
Hei de te falar quando chegar;
Teu leito tristonho sempre hei de recamar.
Sabe, amor...
Eu poderia perguntar-lhe
Se devias partir assim;
Crendo que a vida é mero detalhe...
Detalhe que a unia a mim...
Ervália, 11/04/2013
Cristiano Durães
Soneto do desconforto
Tão leviana é a mão que me toca
Que desejo-a com virilidade
Que o doirado do sol no vil céu retoca
A tão leviana cor da vaidade.
É nobre o afã letal que me assola,
E, seu ansiar se nega ante ao dever.
A petulância no coração cola,
Incomodando-me e fazendo-me ver...
Ver que não é volátil a noite escura;
Ver que não cessa o bombardeio voraz;
Ver que o meu peito se enche de fissura.
Fissurado por qualquer vida sagaz
Que- me enaltecendo- o meu afã procura,
Dando-lhe a cura pra chaga mais tenaz.
Ervália, 10/04/2013
Cristiano Durães
Que desejo-a com virilidade
Que o doirado do sol no vil céu retoca
A tão leviana cor da vaidade.
É nobre o afã letal que me assola,
E, seu ansiar se nega ante ao dever.
A petulância no coração cola,
Incomodando-me e fazendo-me ver...
Ver que não é volátil a noite escura;
Ver que não cessa o bombardeio voraz;
Ver que o meu peito se enche de fissura.
Fissurado por qualquer vida sagaz
Que- me enaltecendo- o meu afã procura,
Dando-lhe a cura pra chaga mais tenaz.
Ervália, 10/04/2013
Cristiano Durães
Feito de plástico
Há dias de sol diminuto
Nos quais o pranto é absoluto
E as rosas dos ventos
Não são rosas; tem aspectos cinzentos.
Há dias nos quais o "Lá"
É apenas um lugar com nome de acorde...
Acorde menor a entoar lá-
Onde o frio não nos acode.
Há dias de desejos sem ar
Suplicando pra poderem se corar.
Há beijos de amor verdadeiro
Que não existem nem no nevoeiro.
Há dias de sonhos em que o fim
Inicia-se com o fim de um ciclo.
E, embalde a bela lua de marfim,
Me jogo fora e depois me reciclo.
Reciclando-me eu anseio
Sem inspirar a musa ovante
Que delira o nível seio
E o sonho do torpe amante.
É um dia com medo de amar
Sem sentir o belo no ar,
Mesmo ante o infinito límpido e anil.
Como pode a vida ser tão vil?
Ervália, 10/04/2013
Cristiano Durães
Nos quais o pranto é absoluto
E as rosas dos ventos
Não são rosas; tem aspectos cinzentos.
Há dias nos quais o "Lá"
É apenas um lugar com nome de acorde...
Acorde menor a entoar lá-
Onde o frio não nos acode.
Há dias de desejos sem ar
Suplicando pra poderem se corar.
Há beijos de amor verdadeiro
Que não existem nem no nevoeiro.
Há dias de sonhos em que o fim
Inicia-se com o fim de um ciclo.
E, embalde a bela lua de marfim,
Me jogo fora e depois me reciclo.
Reciclando-me eu anseio
Sem inspirar a musa ovante
Que delira o nível seio
E o sonho do torpe amante.
É um dia com medo de amar
Sem sentir o belo no ar,
Mesmo ante o infinito límpido e anil.
Como pode a vida ser tão vil?
Ervália, 10/04/2013
Cristiano Durães
Versos íntimos
Coroemos as noites escuras
Com o langor do céu.
Façam-me cobrir esculturas
Com o mais negro véu.
E em dias de sóis e culturas
Amemos o calor tão tórrido.
Nas gotas das turvas chuvas
Deixemos o devaneio mais sórdido.
O peito cavalga tonante
Na estrada da poesia.
É uma estrada que num instante
Nos enche de nostalgia.
Ora florida e rescendente;
Ora inerte e sem vida.
Nela vaga- tão ardente-
O anjo com sua ferida.
De amor e fraqueza me infesto.
São insídias com atroz eflúvio.
Crer é como raio infausto
Que antecipa o dilúvio.
E quando chega a tormenta do pranto
Me resta amar o vinho e o fumo.
Que importa se o falso encanto
Em mero capricho eu resumo?
Talvez os versos me tomaram,
Mesmo não sendo grandes clássicos.
Talvez os fatos se revelaram
Como rotos anátemas arcaicos.
Crer nos cortejos que se avolumam
Nos deixa embriagados.
Já que filaúcias se consolidam,
Estariam todos os grandes errados?
A lua sempre será crua...
E ambas palavras sempre vão rimar.
É como a sanidade na falua
Que à deriva há de ficar.
Não incomoda a luz da lua...
Apenas inquieta o peito ardente.
Se a vida tem se exibido nua
Quem se importa com quem expõe a mente?
De amor e fraqueza me infesto...
E os anátemas são mais guerreiros.
Aniquila-nos como demônio incauto.
Cega-nos como os nevoeiros.
São duas vidas de encanto
Cruzando com as impossibilidades.
Que beleza há no olhar em pranto
Vendo fugir as felicidades?
Ervália, 08/03/2013
Cristiano Durães
Com o langor do céu.
Façam-me cobrir esculturas
Com o mais negro véu.
E em dias de sóis e culturas
Amemos o calor tão tórrido.
Nas gotas das turvas chuvas
Deixemos o devaneio mais sórdido.
O peito cavalga tonante
Na estrada da poesia.
É uma estrada que num instante
Nos enche de nostalgia.
Ora florida e rescendente;
Ora inerte e sem vida.
Nela vaga- tão ardente-
O anjo com sua ferida.
De amor e fraqueza me infesto.
São insídias com atroz eflúvio.
Crer é como raio infausto
Que antecipa o dilúvio.
E quando chega a tormenta do pranto
Me resta amar o vinho e o fumo.
Que importa se o falso encanto
Em mero capricho eu resumo?
Talvez os versos me tomaram,
Mesmo não sendo grandes clássicos.
Talvez os fatos se revelaram
Como rotos anátemas arcaicos.
Crer nos cortejos que se avolumam
Nos deixa embriagados.
Já que filaúcias se consolidam,
Estariam todos os grandes errados?
A lua sempre será crua...
E ambas palavras sempre vão rimar.
É como a sanidade na falua
Que à deriva há de ficar.
Não incomoda a luz da lua...
Apenas inquieta o peito ardente.
Se a vida tem se exibido nua
Quem se importa com quem expõe a mente?
De amor e fraqueza me infesto...
E os anátemas são mais guerreiros.
Aniquila-nos como demônio incauto.
Cega-nos como os nevoeiros.
São duas vidas de encanto
Cruzando com as impossibilidades.
Que beleza há no olhar em pranto
Vendo fugir as felicidades?
Ervália, 08/03/2013
Cristiano Durães
quarta-feira, 3 de abril de 2013
Digavando devagar
Um quarto de hora
No mesmo quarto de outrora
É fulgaz como a aurora
E lento como quem chora.
Existencialmente volátil,
A água gelada é uma delícia.
Rude, fétido e sem sentido,
O cigarro é ainda mais delicioso.
Um minuto de silêncio
Pra pensar na lei da inércia.
Um sentimento em movimento
Tende a permanecer em movimento.
Tanto faz...
A pólvora coloriu de rosa
A caixinha com a qual faço meu cinzeiro!
Viçosa, 03/04/2013
Cristiano Durães
No mesmo quarto de outrora
É fulgaz como a aurora
E lento como quem chora.
Existencialmente volátil,
A água gelada é uma delícia.
Rude, fétido e sem sentido,
O cigarro é ainda mais delicioso.
Um minuto de silêncio
Pra pensar na lei da inércia.
Um sentimento em movimento
Tende a permanecer em movimento.
Tanto faz...
A pólvora coloriu de rosa
A caixinha com a qual faço meu cinzeiro!
Viçosa, 03/04/2013
Cristiano Durães
Quartinho da psicopatia entediante
Pisca o vagalume.
Ninguém sa o que ele faz aqui.
Um quarto vazio e sujo
É mais completo que um coração.
Informações soltas,
E já são quase dez e meia.
Em tudo que é sub-entendido
Encontra-se o sentido que se quer.
Poupo-lhes do incômodo,
Pois já são dez e meia
Em uma manhã tão tediosa.
Viçosa, 03/04/2013
Cristiano Durães
Ninguém sa o que ele faz aqui.
Um quarto vazio e sujo
É mais completo que um coração.
Informações soltas,
E já são quase dez e meia.
Em tudo que é sub-entendido
Encontra-se o sentido que se quer.
Poupo-lhes do incômodo,
Pois já são dez e meia
Em uma manhã tão tediosa.
Viçosa, 03/04/2013
Cristiano Durães
Coração descadeado
Numa quarta-feira com cinzas
Anseios cinzentos
Despertam a sanidade ranzinza.
São dores quietas n'alva.
Não são sentidas ou sagradas;
São apenas covas que o peito cava.
Se eu ousasse revelar antes?
Teria no sorriso algo radiante?
Teria a manhã forças relevantes?
Se no enlevo da solidão cantasse?
Terias o peito aberto com espinho?
Deixarias que o coração- livre- pensasse?
São horas de uma manhã
Que não é sacra nem altiva,
Já que seu luzir não é louçã.
Absurdos e turbilhões de argumentos
Mostram-nos que tudo
São simples tropeços dos momentos.
Ante nada que amo sou esperto.
Me diz:
Por que meu coração não pode ser secreto?
Viçosa, 03/04/2013
Cristiano Durães
Anseios cinzentos
Despertam a sanidade ranzinza.
São dores quietas n'alva.
Não são sentidas ou sagradas;
São apenas covas que o peito cava.
Se eu ousasse revelar antes?
Teria no sorriso algo radiante?
Teria a manhã forças relevantes?
Se no enlevo da solidão cantasse?
Terias o peito aberto com espinho?
Deixarias que o coração- livre- pensasse?
São horas de uma manhã
Que não é sacra nem altiva,
Já que seu luzir não é louçã.
Absurdos e turbilhões de argumentos
Mostram-nos que tudo
São simples tropeços dos momentos.
Ante nada que amo sou esperto.
Me diz:
Por que meu coração não pode ser secreto?
Viçosa, 03/04/2013
Cristiano Durães
terça-feira, 2 de abril de 2013
Subjetivo
Entre adjetivos e subjetivos,
Não damos espaço aos pronomes.
Por que esconder aquilo
Que já foi descoberto?
São estratégias das flores
E dos olhos de felinos
E não é do meu feitio
Ser peixe palhaço.
Quero queimar-me em tal anêmona
A qual não posso dizer o nome...
Viçosa, 02/04/2013
Cristiano Durães
Não damos espaço aos pronomes.
Por que esconder aquilo
Que já foi descoberto?
São estratégias das flores
E dos olhos de felinos
E não é do meu feitio
Ser peixe palhaço.
Quero queimar-me em tal anêmona
A qual não posso dizer o nome...
Viçosa, 02/04/2013
Cristiano Durães
sexta-feira, 22 de março de 2013
Na peneira
A rota da gota de chuva-
Perdida no vento-
Faz uma curva
Entre o ar poento
E a quentura do alento.
Luva de borracha
Na mão de quem trabalha
E por vezes não acha
Que confecciona uma mortalha;
Se cega e se estraçalha.
A sanidade do amante
Que sem sorte não ama,
Inda que se levante
Mais cedo da cama
Pra ver se assim se recama.
Rolam as cabeças ornadas
Com o sangue que o povo derrama.
Que nasçam ardentes feridas
No peito dúbio de quem clama
Por verdades de pura infâmia!
Ervália, 20/03/2013
Cristiano Durães
Perdida no vento-
Faz uma curva
Entre o ar poento
E a quentura do alento.
Luva de borracha
Na mão de quem trabalha
E por vezes não acha
Que confecciona uma mortalha;
Se cega e se estraçalha.
A sanidade do amante
Que sem sorte não ama,
Inda que se levante
Mais cedo da cama
Pra ver se assim se recama.
Rolam as cabeças ornadas
Com o sangue que o povo derrama.
Que nasçam ardentes feridas
No peito dúbio de quem clama
Por verdades de pura infâmia!
Ervália, 20/03/2013
Cristiano Durães
Anexando
Solta a chuva, guarda-chuva!
Não é tempo de dar tempo
E fazer a curva que se curva
Ante a realeza que não é real!
Penso e minto ao pensamento
Que socorre o que só corre
Das cinzas do incenso cinzento
Provindas da flora que aflora.
No bar o ato barato
Que inebria o que inibia
A força que nos força
A queimar as matas que matamos.
Tudo para aquecer o que quer ser
A trava que nos entrava,
Crendo em crer que um fio de frio
É a realidade da realeza.
Ervália, 20/03/2013
Cristiano Durães
Não é tempo de dar tempo
E fazer a curva que se curva
Ante a realeza que não é real!
Penso e minto ao pensamento
Que socorre o que só corre
Das cinzas do incenso cinzento
Provindas da flora que aflora.
No bar o ato barato
Que inebria o que inibia
A força que nos força
A queimar as matas que matamos.
Tudo para aquecer o que quer ser
A trava que nos entrava,
Crendo em crer que um fio de frio
É a realidade da realeza.
Ervália, 20/03/2013
Cristiano Durães
Uma saudade cativa; uma cegueira viva
A madrugada se consolida.
Madrugando adormecida
A cegueira faz-me ser
Tudo o que foge do dever.
Não me force à escuridão
Rimando cego com coração...
Seja pra onde for,
Não rime cegueira com dor...
Salve a saudade
Que a sanidade retrocede.
Eclipse total enxova
Na umidez da fria cova.
Chegando onde se quer chegar,
Busca-me no meio do mar
Onde o desejo se afogou;
Onde você me deixou.
Ervália, 21/03/2012
Cristiano Durães
Madrugando adormecida
A cegueira faz-me ser
Tudo o que foge do dever.
Não me force à escuridão
Rimando cego com coração...
Seja pra onde for,
Não rime cegueira com dor...
Salve a saudade
Que a sanidade retrocede.
Eclipse total enxova
Na umidez da fria cova.
Chegando onde se quer chegar,
Busca-me no meio do mar
Onde o desejo se afogou;
Onde você me deixou.
Ervália, 21/03/2012
Cristiano Durães
sexta-feira, 15 de março de 2013
Ciclo de treva e luz
É
noite em tantas existências...
Tantos
sorrisos forçados
Tantas
dores; tantas ardências
No
viver desses desesperados!
E
quantas lágrimas deixaste cair?
Quantas
vezes perguntaste ao devir
Se
faltava muito pra se extinguir o mar?
Tal
mar de plantas negras à humanidade
Vive
sorrindo e mostrando-se diverso.
Não
ostenta apenas uma flor de vaidade.
Nele
se encontra todo tipo de raiz do universo.
Cada
folha é um anátema
Que
a escuridão teima em ocultar.
Em
cada espinho vê-se a queima
De
cada virtude distante do olhar.
São
margaridas negras emanando incerteza
E
damas da noite embalsamando a morte.
São
rosas negras de amor sem destreza
E
apenas murchos trevos de má sorte.
Tudo
é treva nessas praias,
E
o vento voa batendo a porta.
Ao
som do uivo de tais ventos (turvas vaias)
Dorme
o poeta que não se importa.
Dorme
na imensidão de tal mar.
Em
suas ondas de negras pétalas vaga a falua.
Dorme
sem medo de naufragar,
Crendo
que o mar tenha a languidez da lua.
Desperta
quando um espinho de rosa
Encrava-se
em seu peito viril e amante.
Vê
que a cor do sangue é honrosa
Quando
essa cora sua pele trepidante.
A
rosa é negra como a noite
Que
emana trevos de má sorte.
O
espinho é seco e é o açoite
Que
fere o desdém ante a morte.
Toda
rosa deveria ser escura,
Já
que o que representa não é singelo.
Todo
espinho deveria ter mais verdura
Já
que suga a vivacidade do elo.
O
poeta vê que no fundo celeste
Um
luzir estonteante se enaltece.
Não
crê que o criador o teste;
Vê
que o nascer do sol já acontece.
A
aurora é o anjo de Deus
A
desmanchar as filaúcias inglórias.
Por
ela encantam-se o adeus,
A
mente errante e as escórias.
O
poeta se encanta com o eflúvio do albor,
Deixando
de lado aquilo que deveria ver.
Esquece-se
do cigarro e diz sem dor:
“Contemplar
o belo é o meu dever!”
Turvas
pétalas cinzentas em seu rosto batendo...
Voam
ao ermo no vento que regela
Aquele
que via o perecer engrandecendo
E
agora contempla a aurora tão bela.
Não
há negrume a interrompê-lo.
Há
apenas algo como o anoitecer.
Com
rósea pétala em seu cabelo,
Ele
não se preocupa sem perceber.
Seus
olhos têm a cor do inferno
E
em seus lábios guarda belos cantos.
Quem
diria que o sol- tão terno-
Poderia
dar-lhe tantos encantos?
Pisa
na treva que tinha
O
mar de ardor; o imponente.
No
fundo, serena modinha
Seria
algo interessante.
É
o sol em seu reinado de açoite!
Já
deixou de ser tão frágil albor!
Colore
tudo que era negro ontem a noite;
Revelando
alva paz e rubro amor!
Ervália,
12/03/2013
Cristiano
Durães
Ciclo de treva e luz: Poetando e explicando
“É noite em tantas existências”,
e, quando se trata do interior das almas, isso nos remete a dois eflúvios: O
adormecer e o anátema. Ambos mórbidos e silentes, vivem nos deixando em dúvidas
atrozes apenas estando a vagar por nossas cabeças e só podem ser encontrados
nos olhos.
Na noite
tudo é negro. Se não o é, é iluminado por um luzir tão mórbido quanto a treva.
As flores mais cheias de cor (dessas que ornam qualquer jardim); as ramas mais
vistosas e cheias de vivacidade; os olhos mais verdes (desses que parecem ser
duas esmeraldas a nos vigiar)... Tudo! Tudo se parece com o fundo celeste
noturno que nos cobre. As cores desaparecem, a paz trepida, o amor enlanguesce,
a lágrima é mais dorida e tudo isso só é como é por ser noite.
Um
homem à deriva num diferenciado mar durante a noite (não digo que seja um homem
qualquer, a menos que seja qualquer sonhador ou qualquer poeta). Adormecido
nesse mar –um mar de filaúcias e detalhes- tudo o que tem é a embarcação onde
se encontra. Uma embarcação fria, sobretudo, mister. Tinha a palavra “poesia”
gravada na lateral direita.
Não é o
mar, com suas ondas tempestuosas e ferozes, arrebentando-se nas bordas da
embarcação à deriva que rege o destino do poeta e sim a própria falua. Ela dá à
mente do desesperado emoções arrebatadoras e cruéis e também sensações de
calmaria ante à tormenta. Aniquila a razão do homem e constitui a lei absoluta
na psique de tal sonhador.
O
negrume do mar (que são os anátemas avolumados) é vivo, como as plantas citadas
anteriormente. Isso até que a estrela-mor pare de iluminá-lo, dando a ele um
tom fúnebre; mórbido... Não é plausível crer que uma rosa vermelha-
simbolizando o amor- possa recamar um coração sendo a cor de suas pétalas
ofuscadas pelas trevas.
Nós
adormecemos na serenidade do balanço das ondas de anátemas. Desses nos
esquecemos. Só nos lembramos quando qualquer espinho nos penetra fundo na pele,
rasgando-nos e fazendo-nos com que olhemos a imensidão desse negro mar. No
primeiro momento, pranteamos e esperamos que o mar tenha um fim; que uma praia
segura, morna e clara nos espera ansiosamente. Nada fazemos, além do que não
devíamos fazer.
Sem nos
distanciar-nos do interior das almas, falemos de aurora. Ah! Como é bela! É
pacificadora e ofuscante, inda quando ainda é simples albor; simples silhueta
de doirada luz no horizonte eloqüente. Revela-nos tudo aquilo que a noite insiste
em ocultar: As cores, a vida, as soluções... Tudo aquilo que nos aquieta as
almas.
Amanhecendo.
O poeta se perde no fascínio pela luz, após tanta escuridão em seu olhar.
Contempla o sol alucinado, não
ocupando-se com os anátemas. Não nota que tudo ao seu redor ganha vida e cor.
Jamais há de notar; seus olhos são enfeitiçados pelo devaneio vaporoso que é o
nascer do dia. Necessita da beleza da luz, mas não repara no que ela
proporciona.
O dia é tedioso e nele não há tempo de divagar nesses delírios coloridos. O que
se sabe é que quando as margaridas alvas começam a ficar cinzentas; quando o sol
vai se afogar em seus próprios anátemas, deixando-nos com os nossos, o poeta
desperta novamente. Desperta para notar que “é o fim”. Desperta para chorar as
suas derrotas que, durante o dia, não notou que eram empates e até vitórias.
Tudo é
treva novamente... Se queres saber o que acontece após o despertar do poeta,
releia tudo de novo. Esse é o ciclo do ID poético.
Ervália, 12/03/2013
Cristiano Durães
quinta-feira, 7 de março de 2013
Poema do amor trepidante
Meu Deus! Quando cantam
Os demônios do coração;
Quando os eflúvios se encantam
E a sanidade insiste em dizer "não"!
Quando a amada se mostra distante
Desvanescendo os sonhos em divinal sono;
Quando é longo o instante
Em que o peito revela-se insano!
Quisera eu que os lábios se tocassem,
Selando o desejo que pragueja a realidade!
Quisera eu que as mãos se fechassem
Com certa ardência e lânguida vaidade!
E tu? Desejaste se perder
No ebrioso afã do amor vaporoso
Fazendo-se crer
Que meu estro é honroso?
E tu? Por que não deixas
A vida mostrar-lhe que a lua que a observa
Deixa-nos sempre à mercê das endeixas
E do veneno de estonteante erva?
E quanto a mim? Deveria crer
Que a erva venenosa que cultivo
É simples amor a me deter,
Sendo esse tão nobre e altivo?
E quanto a mim?
Por que nao aceitas os amores meus,
Tornando assim
Os meus anseios todos teus?
Ervália, 05/03/2013
Cristiano Durães
Os demônios do coração;
Quando os eflúvios se encantam
E a sanidade insiste em dizer "não"!
Quando a amada se mostra distante
Desvanescendo os sonhos em divinal sono;
Quando é longo o instante
Em que o peito revela-se insano!
Quisera eu que os lábios se tocassem,
Selando o desejo que pragueja a realidade!
Quisera eu que as mãos se fechassem
Com certa ardência e lânguida vaidade!
E tu? Desejaste se perder
No ebrioso afã do amor vaporoso
Fazendo-se crer
Que meu estro é honroso?
E tu? Por que não deixas
A vida mostrar-lhe que a lua que a observa
Deixa-nos sempre à mercê das endeixas
E do veneno de estonteante erva?
E quanto a mim? Deveria crer
Que a erva venenosa que cultivo
É simples amor a me deter,
Sendo esse tão nobre e altivo?
E quanto a mim?
Por que nao aceitas os amores meus,
Tornando assim
Os meus anseios todos teus?
Ervália, 05/03/2013
Cristiano Durães
terça-feira, 5 de março de 2013
Romeu e Julieta... ?
I - A METÁFORA
"Amaste um instante que foi tua vida como Julieta e como Romeu e não tiveste a conversa ao luar no jardim do Capuleto!"
ÁLVARES DE AZEVEDO
Ai! Romeu! Louco Romeu!
Acima do céu, amante.
Por que não contentas com a sina que lhe deu
A vida tão vigorante?
Ai! Romeu! Roto Romeu!
Por que não abandonas o Capuleto,
Já que sabes que o amor que é teu
É tão incerto e obsoleto?
Ai! Julieta! Bela Julieta!
Acima do céu, mister.
Por que tua mente aproveita
Do coração de quem lhe quer?
Ai! Julieta! Langue Julieta!
Por que insistes em ressaltar
Que o que mais desorienta
É o eflúvio do teu olhar?
São chamas de amor tão tórrido
Nesse meu peito ensanguentado!
As rimas pobres são chamadas
De mero estro agoniado!
II - EU
"Sou te pálido amante vaporoso!
Sou teu Romeu; Teu lânguido poeta!"
CASTRO ALVES
Divino sono é o teu, amada.
Não há serpente a assustar-lhe.
Meu cantar não a enfada,
Inda que o medo o retalhe.
E se no negrume da noite
Tua voz é sempre mais doce,
Seria na noite que a rara sorte
Se glorifica; se enaltece?
Tenha dó, pálida amante!
Não apunhale o coração
Com teu olhar tão distante
Que emana a realeza de um leão!
E se cada plano que fiz contigo
Tornar-se realidade...
Meu Deus! Já tenho meu abrigo!
Encontrei minha felicidade!
Ai! Agora me ouves! Sonho meu!
E o amor que me testa
Simplesmente quer ser teu.
Um amar que me infesta...
Ai! De tantos atos medonhos,
O mais demente foi o meu:
Fiz de ti a Julieta dos meus sonhos;
Querida! Me deixa ser Romeu!
Ervália, 04/03/2013
Cristiano Durães
"Amaste um instante que foi tua vida como Julieta e como Romeu e não tiveste a conversa ao luar no jardim do Capuleto!"
ÁLVARES DE AZEVEDO
Ai! Romeu! Louco Romeu!
Acima do céu, amante.
Por que não contentas com a sina que lhe deu
A vida tão vigorante?
Ai! Romeu! Roto Romeu!
Por que não abandonas o Capuleto,
Já que sabes que o amor que é teu
É tão incerto e obsoleto?
Ai! Julieta! Bela Julieta!
Acima do céu, mister.
Por que tua mente aproveita
Do coração de quem lhe quer?
Ai! Julieta! Langue Julieta!
Por que insistes em ressaltar
Que o que mais desorienta
É o eflúvio do teu olhar?
São chamas de amor tão tórrido
Nesse meu peito ensanguentado!
As rimas pobres são chamadas
De mero estro agoniado!
II - EU
"Sou te pálido amante vaporoso!
Sou teu Romeu; Teu lânguido poeta!"
CASTRO ALVES
Divino sono é o teu, amada.
Não há serpente a assustar-lhe.
Meu cantar não a enfada,
Inda que o medo o retalhe.
E se no negrume da noite
Tua voz é sempre mais doce,
Seria na noite que a rara sorte
Se glorifica; se enaltece?
Tenha dó, pálida amante!
Não apunhale o coração
Com teu olhar tão distante
Que emana a realeza de um leão!
E se cada plano que fiz contigo
Tornar-se realidade...
Meu Deus! Já tenho meu abrigo!
Encontrei minha felicidade!
Ai! Agora me ouves! Sonho meu!
E o amor que me testa
Simplesmente quer ser teu.
Um amar que me infesta...
Ai! De tantos atos medonhos,
O mais demente foi o meu:
Fiz de ti a Julieta dos meus sonhos;
Querida! Me deixa ser Romeu!
Ervália, 04/03/2013
Cristiano Durães
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